sábado, 22 de maio de 2010

Damário Dacruz - Adeus ao autor baiano do Fotopoema: Todo Risco!



     O poeta, jornalista, fotógrafo e agitador cultural baiano, Damário Dacruz, morreu na madrugada desta sexta-feira, 21/05, aos 56 anos, no Hospital Jorge Valente, vítima de câncer de pulmão. Foi velado, pela manhã, no Cemitério Jardim da Saudade, seguindo depois para Cachoeira, onde foi enterrado, à tarde, no Cemitério Nossa Senhora da Piedade. Antes, também foi velado na Câmara de Vereadores do município, distante 120 quilômetros de Salvador.
     Livros publicados: Vela branca; Todo risco, o ofício da paixão; e Segredo das pipas.
     Livros inéditos: Memorial das ternuras e Memorial dos ventos.
     Leia alguns de seus poemas:

Anzol
Angustiado olhar
do peixe capturado.
Angustiado olhar
do peixe
na mesa do mercado.
O amor, às vezes,
tem esse olhar
de quem vacila prisioneiro
quando tudo é mar.

633.440 – SSP-Ba
Nada
de flores
na manhã prevista.
Meus lábios
beijam
é nessa tarde
enfeitiçada de azul.

Outros jardins
Borboletas
são flores
que decidiram
ganhar o mundo.

Insistência
Os amores impossíveis
sabem dos seu destinos.
Os amores impossíveis
insistem como beija-flores
na busca incessante
do néctar invisível.
Os amores impossíveis
estão sempre fora da rota
mas acreditam que chegarão.

Pouso da Palavra


     Em Cachoeira, criou o espaço Pouso da Palavra, fundado em 2001, na cidade de Cachoeira, cidade histórica - no Recôncavo Baiano, que abrigava um café literário, uma galeria, um ateliê de criação e um local denominado Quintal de Sócrates, onde aconteciam recitais, encontros com escritores e saraus. Possui diversificação de linguagens artísticas. O bom som é uma constante, a decoração instigante e nesse ambiente pode comprar CDs, DVDs objetos (artesanatos da região) e roupas (principalmente blusas com poesias estampadas).
     Ao "pousar" nesse espaço, você se depara com uma galeria de arte com pinturas de artistas locais. Andando mais, passa por um pequeno corredor cheio de prateleiras repletas de peças de cerâmica, em miniatura – à venda. Em seguida encontra-se o bar, com uma enorme variedade de licores caseiros e cachaças, uma cervejinha e, se você quiser, preparam um chá quentinho ou um café coado na hora. Tomado pela riqueza de detalhes que a decoração possui; de antiguidades a peças de outros países; miniaturas de Orixás, oratórios e poesia. Com uma biblioteca especializada em poesia e literatura baiana.
     Na área externa se localiza o quintal denominado "Jardim de Sócrates e Parque de Zumbi", encontra-se uma decoração belíssima composta por: uma canoa, que segundo Damário, criador e proprietário desse Pouso, é o menor palco do mundo, onde sempre acontecem recitais, programados ou espontâneos. Com muitas plantas ornamentando o ambiente e mesas singulares com o pés de máquina de costura antigas.
     No Pouso da Palavra a poesia também tem suas lágrimas. É o "Chora Poeta" que reúne chorinho, poesia e a Lira Siciliana de Cachoeira todo primeiro sábado do mês. Tudo em uma casa do século XVIII, numa cidade pacata às margens do rio Paraguaçu, que já serviu de via de transporte entre o Recôncavo e a capital, a cidade do Salvador.
     Como surgiu: O Pouso, como é popularmente conhecido, surgiu da necessidade em abrigar as obras do proprietário, também poeta, jornalista e fotógrafo; além das obras de outros artistas do Recôncavo. O ambiente possui decoração personalizada, riqueza de detalhes, antiguidades e peças de outros países. Quando era perguntado sobre projetos futuros de expansão do Pouso da Palavra, dizia que pretendia retomar um espaço no Rio Vermelho - Orla de Salvador - inviabilizado pela ocorrência do salitre, além da criação de um espaço em Lisboa / Portugal, em Luanda / Angola; e que desejava para Cachoeira a criação de mais 18 casas como o Pouso, de bom nível cultural.
     Horário de funcionamento: 2ª a 5ª das 10h às 17h. 6ª e sáb 10 às 24h e dom das 10h às 18h

“Avise aos amigos

que preparo o último verso

A vida

dura menos que um poema

E no alvorecer mais próximo

saio de cena“,

assim despediu-se o poeta,

"Gran finale".

Um comentário:

  1. Ah! Se todos fossem assim...
    Até no momento de partir é poeticamente lindo.
    Saudades.

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