quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Resenha do filme "Eles voltam"

Por que eles não voltam?

         A professora Suki, responsável pelo Caldeirão Cultural, convidou professores e alunos para assistirem ao filme “Eles Voltam”, em cartaz na Sala de Cinema da UFBA. Esta exibição faz parte de um programa a Universidade, em parceria com o Governo Federal, que prestigia filmes nacionais.
         Então, como sou cinéfila, não perdi a oportunidade, principalmente por se tratar de cinema nacional. Outros participantes do Projeto Tela Brasil também se fizeram presentes.
         O filme, com argumento e realização de Marcelo Lordello, nos envolve pela angústia.
Marcelo Lordello - Roteiro e direção
       A história é basicamente a seguinte: dois adolescentes são deixados pelos próprios pais na estrada, pois estavam brigando no carro. Como castigo, os pais fazem com que eles desçam do carro. Aparentemente, a ideia seria pegá-los de volta, mas isso não acontece. O irmão mais velho, então, deixa a irmã de 12 anos aguardando o retorno dos pais, enquanto ele vai até um posto de gasolina pedir ajuda. Entretanto, o irmão também não retorna. A garota dorme num banco, ao relento.
    O tempo passa, e neste quesito vemos o tempo passar muito lentamente. As imagens são propositadamente fixas, quase sem som. É como se o roteiro nos desse tempo para refletir. O texto/argumento é totalmente reflexivo. O tempo todo o espectador se pergunta: por que os pais não voltam? Por que essa menina não sai deste lugar?
        A menina é levada por um morador das redondezas, um adolescente um pouco mais velho que ela e a mãe desse garoto, junto com outros moradores do assentamento em que vivem providenciam ajuda, oferecendo parte de suas colheitas para que uma das moradoras leve a garota e entregue ao juizado de menores ou à polícia.
Cris, que é uma garota muito reservada, sem sorrisos e poucas falas, passa por situações completamente diferentes de seu cotidiano (uma vida abastada e com muito conforto).
Ao observar o “novo mundo” Cris vai também se conhecendo e aparentemente se dá conta de que há vidas completamente diferentes do mundinho dela e de suas colegas da escola de classe alta. Isto pode ser observado quando, de volta pra casa, ela ouve junto com o avô o noticiário informando que Sem Terras foram presos, e o avô fica contente, mas ela afirma que se ele tivesse visto o que ela viu não pensaria daquela forma. Cris transforma-se, de certa forma, perdoa o irmão por abandoná-la, mas antes o faz refletir também sobre a ação do abandono.
          Há também algo muito pertinente: nota-se um retrato apático de uma geração que tem tudo à mão, mas não demonstra interesse em realizar algo de fato.

Enfim, o filme nos remete a reflexões existenciais, sociais e afetivas. O que fazemos com nossos filhos? Como os fazemos amadurecer? O que oferecemos a eles? O que eles sabem sobre a nossa sociedade? Em que país vivemos? O que sabemos sobre as diferenças existentes entre nosso povo?

Uma reflexão necessária.

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