O menino
grapiúna
O menino grapiúna é o próprio
Jorge Amado, que conta, neste livro, confissões, lembranças e reflexões da vida
do menino Jorge Amado em sua infância em Itabuna, no sul da Bahia, na zona
cacaueira. Este livro é o testemunho do autor sobre a luta daqueles que
forjaram a nação grapiúna e enfrentaram toda sorte de mazelas na busca pela
sobrevivência.
Memória, 1981 | Posfácio de Moacyr Scliar
De
tanto ouvir a mãe contar, a cena se tornou real na lembrança do menino: a égua
tombada morta, e o pai, ensanguentado, erguendo o bebê do chão e o levando para
casa no colo. O ano era 1913, e Jorge Amado tinha então dez meses. A imagem
evoca a tocaia de que o pai do escritor foi vítima na época das lutas travadas
pela posse de terras no sul da Bahia, durante o ciclo do cacau. Com essa
descrição, tem início o livro de memórias da infância do escritor baiano.
Além do pai, João Amado de Faria,
e da mãe, dona Eulália, Jorge Amado recorda aqui outros personagens que foram
centrais em sua formação pessoal e de escritor: o tio Álvaro, modelo dos coronéis
presentes em sua ficção; o padre Cabral, que o apresentou ao mundo dos livros e
à beleza da língua portuguesa; e o caboclo Argemiro, que colocava o menino na
sela e o levava a Pirangi nos dias de feira.
O escritor evoca também a liberdade das ruas e dos coqueirais de Ilhéus, lembra o período de “encarceramento” no colégio dos jesuítas e conta como conheceu as rodas de jogo e as casas de mulheres.
Além de rememorar sua formação de menino, Jorge Amado passa em revista elementos centrais de sua literatura: aponta o amor e a morte como os grandes temas de sua obra e posiciona-se distante de líderes e heróis, para declarar-se mais próximo dos mestres de saveiro, dos feirantes, dos capoeiristas, do povo do candomblé.
Assim como o menino grapiúna, o escritor não distingue lembrança e imaginação. Encharcadas de fabulação literária, as memórias de O menino grapiúna fazem a defesa da liberdade, da imaginação e do sonho, marcas principais da obra de Jorge Amado.
O escritor evoca também a liberdade das ruas e dos coqueirais de Ilhéus, lembra o período de “encarceramento” no colégio dos jesuítas e conta como conheceu as rodas de jogo e as casas de mulheres.
Além de rememorar sua formação de menino, Jorge Amado passa em revista elementos centrais de sua literatura: aponta o amor e a morte como os grandes temas de sua obra e posiciona-se distante de líderes e heróis, para declarar-se mais próximo dos mestres de saveiro, dos feirantes, dos capoeiristas, do povo do candomblé.
Assim como o menino grapiúna, o escritor não distingue lembrança e imaginação. Encharcadas de fabulação literária, as memórias de O menino grapiúna fazem a defesa da liberdade, da imaginação e do sonho, marcas principais da obra de Jorge Amado.
Grapiúna é o
termo utilizado pelos sertanejos baianos para se referir aos habitantes do
litoral. O fato de Jorge Amado ter dado o título de O menino grapiúna às
suas memórias de infância diz muito de sua vida e de sua obra. O autor nasceu
na Fazenda Auricídia, distrito de Ferradas, no município de Itabuna. Com um ano
de idade, o futuro escritor mudou-se com a família para Ilhéus. Cresceu no
litoral baiano, durante o auge do ciclo do cacau, entre coronéis, jagunços,
trabalhadores, aventureiros e jogadores.
Assim como a biografia, a escrita de Jorge Amado é toda ela devedora das primeiras experiências na “nação grapiúna” que floresceu na zona cacaueira no começo do século XX. Além disso, a cidade de Salvador, o cais da Bahia e o mar são espaços recorrentes na ficção do escritor, fazendo da costa litorânea o habitat natural do autor e de sua literatura.
Escrito em 1980 para uma edição especial da revista Vogue dedicada aos cinquenta anos da carreira literária de Jorge Amado, O menino grapiúna foi publicado em 1981, em edição não comercializada. A tiragem especial de 11 mil exemplares era numerada. No mesmo ano, celebrava-se o centenário da cidade de Ilhéus, e Jorge Amado foi homenageado com uma placa e uma escultura de bronze na rua que leva o seu nome.
O universo dessas memórias remete aos primeiros livros do autor, como Cacau (1933) e Terras do sem-fim (1943) e se desdobra em alguns dos livros que ele escreveria em seguida, especialmente Tocaia Grande (1984). A partir de 1982, quando Jorge Amado comemorou setenta anos, o volume ganhou edição.
Assim como a biografia, a escrita de Jorge Amado é toda ela devedora das primeiras experiências na “nação grapiúna” que floresceu na zona cacaueira no começo do século XX. Além disso, a cidade de Salvador, o cais da Bahia e o mar são espaços recorrentes na ficção do escritor, fazendo da costa litorânea o habitat natural do autor e de sua literatura.
Escrito em 1980 para uma edição especial da revista Vogue dedicada aos cinquenta anos da carreira literária de Jorge Amado, O menino grapiúna foi publicado em 1981, em edição não comercializada. A tiragem especial de 11 mil exemplares era numerada. No mesmo ano, celebrava-se o centenário da cidade de Ilhéus, e Jorge Amado foi homenageado com uma placa e uma escultura de bronze na rua que leva o seu nome.
O universo dessas memórias remete aos primeiros livros do autor, como Cacau (1933) e Terras do sem-fim (1943) e se desdobra em alguns dos livros que ele escreveria em seguida, especialmente Tocaia Grande (1984). A partir de 1982, quando Jorge Amado comemorou setenta anos, o volume ganhou edição.
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