Aprender para Ensinar
Em mais uma atividade de
coordenação externa, fizemos uma visita ao Convento e à Igreja do São Francisco.
Nosso objetivo foi (re)conhecer um dos principais pontos de cultura religiosa
(católica) da Bahia. O Convento fica no Terreiro de Jesus, no Pelourinho. Convidamos Jaime Ribeiro, nosso colega professor de
História, para nos orientar na visita.
O Claustro do Convento do São
Francisco na cidade de Salvador tem no seu andar térreo um conjunto de trinta e
sete quadros de azulejos, confeccionados em Portugal por encomenda dos frades
franciscanos no século XVIII. Os emblemas originais são de Otto Van Veem, em
sua obra Quinti Horatii Flancci Emblemata, que se inspirou, por sua vez nas
obras do poeta romano Horácio Tlaco. Esta pequena obra quer, pois, mostrar um
pouco desta riqueza, tanto no ponto de vista artístico como também de reflexão
humana.
Os quadros em azulejos apresentam história e cultura da igreja. Para
não trazer informações equivocadas, apresento um trecho da abertura de um
livreto sobre o “Teatro de azulejos” que diz o seguinte: “Talvez seja mais
apropriado chamá-lo de TEATRO EM AZULEJOS, uma vez que o conjunto dos quadros
de azulejos do andar térreo reproduz parcialmente as pinturas de Otto van Veen,
publicadas no livro THEATRO MORAL DE LA VIDA HUMANA Y DE TODA LA PHILOSOPHI DE
LOS ANTIGUOS Y MODERNOS, editado por autor anônimo depois de 1648. (...) O
claustro, espaço interno dos conventos antigos, tornou-se símbolo da própria
casa religiosa, ou mesmo da vida monacal. Nos conventos franciscanos antigos,
ele se situava entre a portaria, que dava para o exterior; a igreja, lugar de
encontro com Deus e com os homens; e o convento, onde se desenrolava a vida dos
frades. Era um centro de convergência: ali os frades se encontravam, ali
passeavam ao seu redor, ali meditavam a sós, ali rezavam os mistérios da Via
Sacra.”
Depois de passarmos por todos os quadros, tentando entender o
significado de cada epíteto, relacionado à imagem, cujo objetivo é contemplar a
sabedoria e a virtude, voltamos para conhecer outros espaços (Sacristia, corredores,
etc.) e por fim, fomos à Igreja.
A igreja mostra influência
da edificação jesuíta, austera
no exterior, mas decorada com luxo no interior. O edifício foi construído em
pedra calcária nas partes aparentes, e arenito nas partes rebocadas.
A simplicidade dos campanários quadrangulares, coroados com pirâmides
azulejadas, contrasta com o bloco central mais ornamentado, com aberturas em arco na base e um frontão no topo decorado com grandes volutas. Leslie Bethell
identificou influência dos modelos arquitetônicos de Sebastiano
Serlio na fachada. Sua planta é incomum entre os projetos
franciscanos do Nordeste brasileiro, pois tem três naves,
ao passo que o desenho mais usual conta com apenas uma, embora as naves
laterais sejam baixas, estreitas e cobertas por uma galeria, e funcionem mais
como um deambulatório entre as capelas secundárias. Além da capela-mor, dedicada a São Francisco de Assis a igreja possui oito capelas
secundárias. A do lado esquerdo é dedicada a Nossa Senhora da Glória, e a direita, a São Luís de Toulouse.
A igreja é especialmente preciosa pela sua
exuberante decoração interna. Todas as superfícies do interior - paredes,
colunas, teto, capelas - são revestidas de intrincados entalhes e douraduras,
com florões, frisos, arcos, volutas e inúmeras figuras de anjos e pássaros
espalhadas em vários pontos. Calcula-se
que foi usada uma tonelada de ouro nos douramentos. Não se conhece o autor da talha. De ambos os lados
existem grandes púlpitos,
também ricamente decorados.
O
teto da nave possui pinturas sobre o ciclo mariano atribuídas
por Augusto Telles ao frei Jerônimo da Graça. É uma verdadeira obra de arte. Nos altares
laterais há que se destacar os seguintes santos: São Benedito = o cozinheiro negro. São Pedro
de Alcântara = o orador. Santa Efigênia = missionária na África. Santa Luzia =
a santa dos olhos. E também, por valor
artístico: Santo Antônio, Nossa senhora da Conceição e Nossa Senhora de Santana.
Há muito o que se ver, conhecer e apreciar. De certo, saímos satisfeitos
e enriquecidos.
Ana Ramos
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